Hoje estava a
olhar pela janela enquanto tomava café. Como é Primavera estavam uma multidão
de passarinhos à procura das respectivas passarinhas.
Surgiu-me na
cabeça uma reportagem que vi há algum tempo sobre os pássaros tecelões. O
objectivo da reportagem era mostrar a força do DNA que permitia que animais sem
inteligência efectuarem construções complexas. Na altura como hoje acho que
quem filmou a reportagem não viu o óbvio. Embora sim o DNA seja importante na
génese que leva à construção do ninho pelo tecelão a verdade era que existia um
componente de aprendizagem. E portanto racional no acto em si o qual
ultrapassava a simples (sem querer dar ideia de coisa perto de lixo)
codificação genética per se.
O tecelão faz o
ninho, para evidentemente atrair as teceloas. Passa horas à procura de paus e
outros objectos de modo a construir uma coisa apelativa para elas. Quando acha
que a coisa pode ser suficiente, põe-se à porta e aguarda as potenciais
convidadas. Isto é existe uma procura efectiva de materiais de construção e um
sentido de que a obra está completa. Isso em si é prova que exista um
raciocínio por detrás. Não quero com isto dizer que os tecelões sejam capazes
de escrever sinfonias como o Mozart ou de elaborar questões complexas como o Descartes,
tão-somente que existe um componente racional na construção.
Esta lógica ainda
mais se fundamenta com o comportamento das teceloas. Na mesma reportagem
mostrava que o facto do tecelão considerar a obra pronta, isso não era sinónimo
de visitas. E o facto de haver visitas, não era o mesmo de que essas visitas
eram automaticamente bem sucedidas. A reportagem confirmava que somente após
entre 5-10 visitas, o tecelão podia dobrar a asa e levá-la ao joelho e dizer
”Yes”. Giro era que após esse momento, os preliminares era despachados duma
forma relativamente rápida e o Tecelão podia rapidamente entrar na fase do
cigarro e perguntar se a terra tinha tremido para teceloa.
A reportagem não
era clara se era a mesma teceloa, que passava 5-10 vezes na proposta de
habitação ou se normalmente elas passavam por 5 casas e ficava automaticamente
na 6ª, tipo o vamos lá a despachar a coisa e depois visitar o tecelão que me
interessa, porque nessa altura ele já não pensa que eu sou uma teceloa fácil
(comportamento muito comum nos humanos). Na verdade a pessoa que fez a
reportagem não focou praticamente nas teceloas. Muito possivelmente com base no
facto de que se as mulheres já são difíceis de entender então perceber as
teceloas…
Bom
independentemente do motivo, a verdade é que a teceloa verificava com cuidado a
habitação, o que demostra que conseguia analisar a construção e basear a sua
decisão no trabalho feito. Isso obviamente demostra que muito embora para nós
humanos, uma casa era igual a outra, para os tecelões haviam aspectos
diferentes que eram avaliados. Novamente algo racional por detrás.
Sempre que a visita falhava o tecelão
reiniciava o trabalho e tentava melhorar para a próxima visita. A reportagem
salientava o facto de mesmo após um certo número de visitas, nem todos os
tecelões chegavam à fase do “YES”. O que significava que teriam de caso
falhassem teriam de espera mais 1 ano por uma nova oportunidade, o que sem
revistas, nem filmes, nem internet, não teriam hipóteses de ver teceloas mais
de perto ou mesmo de estabelecer contacto com elas. Ainda bem que os animais
têm perspectivas diferentes sobre estes assuntos.
Agora vamos
imaginar que os seres humanos eram tecelões. Uma vez por ano, sabiam que havia
teceloas disponíveis. No entanto tinham de se esforçar em terem comportamentos
aceitáveis de modo a serem escolhidos. Caso falhassem iam passar 365 dias se
poderem fazer mais que chupar no dedo. Se calhar os problemas de relacionamento
e a falta de respeito pelas mulheres que alguns fazem alarve iam diminuir. A existência
tanto de Homens como mulheres talvez melhorasse.