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Wednesday, April 6, 2016

Os tecelões será que sabem mais que nós?


Hoje estava a olhar pela janela enquanto tomava café. Como é Primavera estavam uma multidão de passarinhos à procura das respectivas passarinhas.

Surgiu-me na cabeça uma reportagem que vi há algum tempo sobre os pássaros tecelões. O objectivo da reportagem era mostrar a força do DNA que permitia que animais sem inteligência efectuarem construções complexas. Na altura como hoje acho que quem filmou a reportagem não viu o óbvio. Embora sim o DNA seja importante na génese que leva à construção do ninho pelo tecelão a verdade era que existia um componente de aprendizagem. E portanto racional no acto em si o qual ultrapassava a simples (sem querer dar ideia de coisa perto de lixo) codificação genética per se.

O tecelão faz o ninho, para evidentemente atrair as teceloas. Passa horas à procura de paus e outros objectos de modo a construir uma coisa apelativa para elas. Quando acha que a coisa pode ser suficiente, põe-se à porta e aguarda as potenciais convidadas. Isto é existe uma procura efectiva de materiais de construção e um sentido de que a obra está completa. Isso em si é prova que exista um raciocínio por detrás. Não quero com isto dizer que os tecelões sejam capazes de escrever sinfonias como o Mozart ou de elaborar questões complexas como o Descartes, tão-somente que existe um componente racional na construção.

Esta lógica ainda mais se fundamenta com o comportamento das teceloas. Na mesma reportagem mostrava que o facto do tecelão considerar a obra pronta, isso não era sinónimo de visitas. E o facto de haver visitas, não era o mesmo de que essas visitas eram automaticamente bem sucedidas. A reportagem confirmava que somente após entre 5-10 visitas, o tecelão podia dobrar a asa e levá-la ao joelho e dizer ”Yes”. Giro era que após esse momento, os preliminares era despachados duma forma relativamente rápida e o Tecelão podia rapidamente entrar na fase do cigarro e perguntar se a terra tinha tremido para teceloa.

A reportagem não era clara se era a mesma teceloa, que passava 5-10 vezes na proposta de habitação ou se normalmente elas passavam por 5 casas e ficava automaticamente na 6ª, tipo o vamos lá a despachar a coisa e depois visitar o tecelão que me interessa, porque nessa altura ele já não pensa que eu sou uma teceloa fácil (comportamento muito comum nos humanos). Na verdade a pessoa que fez a reportagem não focou praticamente nas teceloas. Muito possivelmente com base no facto de que se as mulheres já são difíceis de entender então perceber as teceloas…

Bom independentemente do motivo, a verdade é que a teceloa verificava com cuidado a habitação, o que demostra que conseguia analisar a construção e basear a sua decisão no trabalho feito. Isso obviamente demostra que muito embora para nós humanos, uma casa era igual a outra, para os tecelões haviam aspectos diferentes que eram avaliados. Novamente algo racional por detrás.

 Sempre que a visita falhava o tecelão reiniciava o trabalho e tentava melhorar para a próxima visita. A reportagem salientava o facto de mesmo após um certo número de visitas, nem todos os tecelões chegavam à fase do “YES”. O que significava que teriam de caso falhassem teriam de espera mais 1 ano por uma nova oportunidade, o que sem revistas, nem filmes, nem internet, não teriam hipóteses de ver teceloas mais de perto ou mesmo de estabelecer contacto com elas. Ainda bem que os animais têm perspectivas diferentes sobre estes assuntos.

Agora vamos imaginar que os seres humanos eram tecelões. Uma vez por ano, sabiam que havia teceloas disponíveis. No entanto tinham de se esforçar em terem comportamentos aceitáveis de modo a serem escolhidos. Caso falhassem iam passar 365 dias se poderem fazer mais que chupar no dedo. Se calhar os problemas de relacionamento e a falta de respeito pelas mulheres que alguns fazem alarve iam diminuir. A existência tanto de Homens como mulheres talvez melhorasse.

Wednesday, January 21, 2015

A vida é complicada! Mas pode-se sempre Complicá-la mais - Parte 3

A Rainha Má tinha conhecimento desta história. Ela também sabia que independentemente dela, se queria os Lábios do Príncipe para curar a Bela Adormecida, não podia ir lá e pedir ao Príncipe. Independentemente do resto não iria por em causa tudo o que tinha construído ao longo dos anos devido a ao mau feitio do Príncipe.
Pensou, pensou e finalmente chegou ao estratagema que lhe permitiria obter o seu desejado Franchise no Reino do Pai da Bela Adormecida.
Primeiro foi ter com a Fada Madrinha.
No inicio ela não quis receber. No entanto a Rainha Má fez-lhe chegar uma mensagem onde dizia preto no branco, que ou a recebia ou ela mandava chegar ao Príncipe a localização da Branca de Neve.
A Fada Madrinha compreendeu que isso significava que o laço com o Príncipe não poderia ser cortado, e que portanto a sua felicidade com o Mordomo ia ser interrompida.
Lá acedeu a receber a Rainha Má.
-Venho aqui, dar a solução final do teu dilema! – disparou a Rainha Má quando se encontrou com a Fada.
- Qual dilema! – tentou objectar a Fada – Não tenho nenhum dilema. Eu sou uma Fada e tu uma Rainha Má. O meu propósito na vida é impedir que os teus esquemas funcionem.
- Fico muito lisonjeada por me chamares Rainha Má. Na verdade desde há muito que não sou Rainha. Sou directora da minha própria empresa. Os meus esquemas agora são como obter quota de mercado, como baixar os custos de produção e como atingir o maior preço que as pessoas querem pagar pelo meu Producto.
- Ok! Agora és CEO! – respondeu a Fada – Sendo assim em que posso ajudar. E em que me queres ajudar.
 - Quero te ajudar a quebrar a ligação ao Príncipe! – respondeu a Rainha Má (CEO Mau – perde um pouco com a tradução) – Sei que a situação te não agrada. Sei também que pretendes ter a tua própria vida.
- Não vou negar o que me dizes! Mas isso não quer dizer que vai te ajudar a fazer coisas malvadas.
- Não, nada de malvadezas, ou melhor somente um pouco malvadezas.
- Explica lá! – disse a Fada, a curiosidade completamente desperta.
Então a Rainha Má explicou. Contou a história de inicio, em como a princesa do reino tinha adormecido, como o rei tinha oferecido uma recompensa, como se tinha lembrado do Beijo acorda adormecidos do Príncipe, de como isso poderia se traduzir numa expansão do seu negócio.
- Percebo! Realmente compreendo o teu Ponto. Na verdade não vejo sequer um índice de malvadeza nisso. O que me falta perceber é como isso me afecta. E como isso me pode ajudar.
- Tu sabes que não posso chegar junto ao Príncipe e ir pedir para beijar uma Princesa! Não tenho maneira de saber o que ele me fará, e não conseguirei nunca que ela o faça por mim! Preciso que sejas tu a dizer-lhe! Preciso que sejas tu a pedir.
- Compreendo agora o que pretendes! Sem querer parecer interesseira, está-me a falhar o como é que isso me pode ajudar.
- Aqui entre uma das pequenas malvadezas. È mesmo pequena. Dizes que procuraste a Branca de Neve e que a encontraste. Sabes também o que aconteceu. Ela foi raptada por uma bruxa má e transformada numa outra Princesa. Como da outra vez está adormecida e precisa dum beijo para acordar.
- Percebo o que queres dizer por pequena malvadeza. Falha-me ainda como para além de mentir isso pode-me ajudar. Lá por ter mentido ou mesmo por causa disso, o Príncipe não irá quebrar a ligação comigo.
- Tens razão! No entanto a tua parte não está ainda completa! O que te falta dizer é que para o transportares ao lugar aonde está a Princesa necessitas de usar toda a tua magia, pelo que depois não poderás ser mais a Fada Madrinha dele. Perguntas se ele concorda em quebrar o vínculo contigo após o transportares para o lugar, ele diz que sim e estás livre. Se ele disser que ele pode ir pelo seu próprio pé ao lugar, tu só dizes que a magia da Bruxa que lançou o feitiço e muito forte pelo que necessitas sempre de usar a tua.
A Fada Madrinha começou a pensar sobre o assunto. Na sua cabeça pesou os prós e os contras da proposta da Rainha Má.
- Finalmente livre para viver a minha vida! – pensou.
- Se calhar vou necessitar de algum tempo para pensar. – disse em voz alta.
- Gostava muito de te dizer que sim. No entanto a mensagem do Rei era clara, caso não se faça nada a Bela Adormecida pode morrer. Se morrer não recebo a recompensa. Ainda precisamos de ver como convencer o Príncipe a estar disposto a ir. Não temos mesmo muito tempo.
A Fada mergulhou nos seus pensamentos, por uns longos minutos. A Rainha Má aguardou. No fundo já sabia qual seria a resposta. Tudo o que a Fada Madrinha podia fazer era adiar a questão.

Como todos sabemos as historias de fadas têm sempre um final feliz, portanto.........

Friday, May 20, 2011

A vida é complicada! Mas pode-se sempre Complicá-la mais - Parte 2


A Cinderela passou por um banco de jardim, ao lado duma fonte. Como estava calor sentou-se. Começou a recapitular o que tinha acontecido. A expulsão do Principe pela CatWoman quando o apanhou debaixo do cobertor com a Fada Madrinha Junior. De como ele tinha ido viver com Mãe, e de como ela se lembrava de como se tinha tornado a Bela Adormecida.
A Cinderela por um lado achava o comportamento do Pai da Bela Adormecida muito egoista, mas também percebia o seu sofrimento e desespero ao enviar o pedido de socorro a todos os cantos do reino.
Enquanto a Cinderela passava as mãos, distraidamente, pela água fresca da fonte, começou a pensar no resto da história...


2 – A Rainha Má e a Branca de Neve

A Rainha Má tinha deixado de ser Rainha após ter caído em desgraça, quando se tornou pública a perseguição que tinha movido à Branca de Neve.
A exposição púnlica começou logo que o Príncipe acordou a Branca de Neve e se casou com ela.
Sentindo que grande parte dos habitantes do reino estavam do lado dele, ele não descansou enquanto não destronou a Rainha Má e a expulsou do Palácio.
Sem saber o que fazer, vendo-se sem reino, nem casa, a Rainha Má tinha olahdo para as suas as suas habilidades pessoais e rápidamente se apercebeu que havia muitas pessoas que não conseguiam adormecer facilmente. Fácilmente viu a potencialidade da sua poção mágica para tratar estes casos. Após alguns ajustes na dose, abriu a Companhia Maça Envenenada e começou a comercializar a nova dosagem dentro de apetitosas maças vermelhas. A estrada para o sucesso estava aberta.
Em poucos meses, a Rainha Má tinha conseguido voltar ao seu estilo de vida anterior.
No entanto, rápidamente atingiu uma elevada taxa de cobertura, pelo que se queria aumentar o número de potenciais clientes, começava a necessitar de expandir para outros reinos. O problema estava que na sua qualidade de Rainha Má deposta, era-lhe dificil negociar com outros Reis, já que antes mesmo de poder mostrar as qualidades do seu producto, recebia logo um rotundo “Não, Obrigado!”.
Quando recebeu a notícia do que tinha acontecido à Bela Adormecida, e a oferta duma recompensa pelo Rei, viu ali uma boa oportunidade. Compreendeu que caso conseguisse que a paga dos seus serviços fosse a possibilidade de comercializar o seu producto, outros reinos ficarima mais abertos às suas sugestões de negócio.
E de facto ela tinha a potencial solução já que à sua memória surgiu veloz o facto de o mesmo Príncipe que a tinha expulsado, tinha também uns lábios curativos responsáveis por acordar a Branca de Neve do seu sono induzido por uma dose muito forte do seu elixir. Se conseguia isso, de certeza que acordar a Bela Adormecida seria uma tarefa fácil.
A questão era como poderia sequer chegar perto do Principe.
Primeiro imquiriu junto dos seus colaboradores.
Rápidamente descobriuu que a Branca de Neve tinha vivido somente alguns anos com o Príncipe.
Embora o Príncipe tivesse uns Beijos espectaculares, raramente sentia a necessidade de os usar. Gostava mais de passar o tempo a cavalgar pelos bosques, a caçar javalis, a beber canecas com os amigos e a dar beliscões às empregadas das tabernas.
Com o tempo, sem nada para fazer durante o dia, e com menos que fazer durante a noite, a Branca de Neve começou a relembrar os tempos em que vivia com os Sete Anões. A sensação de se sentir realmente necessitada, e de que o que fazia era valorizado, começou sorrateiramente a entrar na sua mente, até que se tornou permanente.
Por outro lado a ideia de quão sem sentido a sua vida era naquele Palácio, onde ninguém lhe prestava atenção, cada vez mais a fazia sentir vazia e sem valor.
Era bem verdade que nenhum dos 7 Anões sabia beijar bem, mas também era verdade que cada vez mais os beijos do Príncipe eram mais lembranças do que reais.
As duas ideias começaram-se a misturar até que um dia passaram a ser uma sensção única, que lhe apertava o coração quase duma forma física. A partir de certa altura dessa angústia nasceu naturalmente a sensação que o seu lugar possivelmente não era no Palácio mas no sitio onde a sua presença fazia a diferença.
No entanto uma parte dela continuava a desejar fiacr como Principe, pelo que sempre que a ideia de fugir ficava masi forte, ela encontrava mil e uma razões para a adiar.
Até que um dia, ao encontrar o Príncipe abraçado a uma das criadas, viu que nada iria mudar e que não havia qualquer razão para adiar o inevitável.
Agarrou nalgumas roupas mais confortáveis, e fugiu do Palácio de volta à casa dos Sete Anões.
Chegou no dia seguinte perto da hora de jantar. As lágrimas cegaram-na de alegria quando viu e as saudades de todos os 7 Anões lhe atordoaram os sentidos.
Eles quiseram logo fazer uma festa de boas vindas, e tiraram do armário a loiça especial de festas. Durante o jantar ela contou a sua história e recebeu em troca a compreensão de todos eles. Depois comeram, cantaram e dançaram até altas horas da Madrugada.
Quando acordou no dia seguinte, com a luz do sol beijando-lhe os lábios, sentiu esse beijo como se fosse uns dos beijos iniciais do Príncipe. Era amada, era necessária, era querida. Era ali o seu lugar.
O Príncipe por outro lado demorou algumas semanas a perceber que a Branca de Neve se tinha ido embora.
Na verdade, se não fosse uma semana com chuvas particularmente intensas que não permitiam cavalgar, possivelmente ainda demoraria mais algum tempo. Quando chegou ao quarto da Branca de Neve e o encontrou vazio, mandou-a procurar pelo Palácio.
Após alguns dias de buscas, finalmente compreendeu que ela tinha desaparecido. No entanto, como entretanto o bom tempo tinha reaparecido, só passada mais uma semana, resolveu tentar esclarecer a questão do desaparecimento.
Mandou chamar a sua Fada Madrinha.
A Fada Madrinha tinha sido uma herança da parte da mãe. Normalmente as Fadas Madrinhas são atribuídas a Princesas. Tinha sido a mãe que após sucessivos acidentes de caça, tinha decidido que o filho ia necessitar duma Fada Madrinha.
Inicialmente a Fada Madrinha não queria sequer falar do assunto.
As Fadas Madrinhas eram para Princesas, dizia ela, para os Príncipes existem os Mordomos. Mas a Rainha tanto insistiu, tanto insistiu que por fim a Fada Madrinha cedeu, muito devido à amizade profunda que ligava as duas.
Com o tempo, no entanto, os sucessivos disparates e dislates do Príncipe tinham-a desgastado emocionalmente, e a Fada Madrinha andava já há algum tempo, há procura duma maneira de se desligar da promessa feita há tanto tempo atrás à rainha mãe.
O casamento com a Branca de Neve tinha permitido começar o processo de afastamento. Logo não ficou nada satisfeita quando foi chamada ao Palácio.
-A Branca de Neve desapareceu! – começou a dizer o Príncipe – Quero que a encontres e tragas para mim!
- Desapareceu mas desapareceu quando? – perguntou a Fada Madrinha, sentindo-se simultaneamente alarmada e incrédula.
- Bem… - começou o Príncipe – Eu dei por falta dela há cerca de 15 dias. Mas após falar com os servidores do Palácio, parece que ninguém a vê, há cerca de 2 meses.
- Deixa ver se percebi?! – disse a Fada, o alarme completamente substituído pela incredubilidade - Vossa Alteza não sabe dela há 15 dias, deve ter desaparecido há cerca de 2 meses e só hoje me manda chamar??
- É! Tenho estado muito ocupado. Nos últimos meses o tempo tem estado particularmente bom e a caça tem sido excelente.
- Humm! Algum dos servidores encontrou alguma prova de violência, de que ela tenha desaprecido contra vontade.
- Não! Aparentemente esfumou-se em pleno ar. Num momento estava aqui, 2 meses depois não estava.
- Compreendo! – disse a Fada.
O que ela não disse mas pensou, foi que compreendia muito melhor a Branca de Neve. Ela própria estava tentada a desaparecer também.
- Irei procurá-la e informarei Vossa Alteza.
A Fada não precisou de muito tempo para descobrir a Branca de Neve. De longe vigiou-a durante umas horas. Viu o ar feliz com que ela estava, a cor que lhe cobria a alvura da pele, na maneira leve e despreocupada com que andava de um lado para outro. Quando os 7 Anões chegaram, viu também a maneira como olhavam para ela, misto de amor e dedicação.
Voltou para a sua casa e mandou uma mensagem ao Príncipe.
Nela dava conta da sua intenção de procurar a Branca de Neve por todos os meios ao seu alcance. No entanto queria avisar desde já que tal busca ia ser difícil devido ao longo tempo que ia desde o desaparecimento efectivo até agora. No enatnto logo que tivesse alguma novidade lhe diria alguma coisa.
Depois abraçou o seu Mordomo e disse-lhe.
-Acho que a minha ligação ao Príncipe terminou. Chegou à altura de nós próprios nos dedicarmos a nós.
O Mordomo ficou muito feliz e pedi-a em casamento. Dessa ligação nasceria mais tarde a Fada Madrinha com queda para os cobertores.

Fim capitulo 2

Tuesday, May 17, 2011

A vida é complicada! Mas pode-se sempre Complicá-la mais - Parte 1


Da minha última história obtive algum feedback no qual se lamentava a omissão de alguns personagens importantes.
È evidente que essa omissão não foi propositada, no entanto para que possa incluir todos os personagens pedidos tenho que dividir o restante em alguns capitulos.
pelo que…


1 – A Bela Adormecida

A Cinderela tinha passado um dia interessantíssimo nas compras. Após ter saído da peixaria e enquanto avaliava os legumes, tinha começado a ouvir os comentários acerca da expulsão do Príncipe e da Fada Madrinha do palácio pela CatWoman (Mulher Gata, perde um pouco na tradução).
Durante toda a manhã a história tinha adensado e ao fim da manhã, a Cinderela (Gata Borralheira, também perde um pouco com a tradução) tinha já uma imagem clara sobre a linha de acontecimentos, e os potenciais desfechos.
Enquanto carregava os sacos a caminho de casa, reviu todo aquilo que tinha ouvido durante a manhã enquanto saltava de banca em banca.
O Príncipe, depois de ser expulso, tinha-se mudado com a Fada Madrinha para casa da Mãe, a Bela Adormecida. Ambos tinham-se instalado numa parte solarenga do Palácio e passaram a utilizar o cobertor como parte integrante das suas conversas isto porque, no Palácio da mãe, não havia tantas correntes de ar.
A Bela Adormecida primeiro ficou um pouco constrangida pelo filho estar a viver em sua casa com a Fada Madrinha. Mas, depois de ele lhe ter dito que entre ele e a Fada só havia uma amizade forte; que tudo o que faziam em cima do cobertor era falar; e que só tiravam a roupa toda para melhor estarem em contacto com o seu Eu mais profundo, lá passou a aceitar a presença de ambos.
No fundo o Príncipe era Príncipe e a CatWoman Princesa, e toda a gente sabe que as Fadas Madrinhas necessitam de conhecer as pessoas Intimamente de modo a poderem dar o seu melhor conselho quando tal é necessário.
Ela própria se recordava que o facto de o Príncipe, seu filho, existir e que presentemente ser Adormecida de apelido, se devia em grande parte à existência da mãe da Fada Madrinha.
Recordava-se como fosse ontem.
O pai tinha planeado casá-la com um Rei dum reino distante. Ela não queria mas por mais que protestasse, não conseguiu demovê-lo da decisão.
Por fim cedeu quando o pai lhe disse que antes de tomar uma decisão, o melhor seria conhecer o Rei. Podia ser que ela estivesse a fazer uma tempestade num copo de água.
O Pai sem mais delongas, enviou uma mensagem para o pretendente e começou os preparativos para o evento. Logo que recebeu a confirmação da data, comunicou-a à Bela Adormecida.
A partir daí o assunto não mais foi abordado.
O tempo passou e chegou enfim o dia da apresentação Real. Durante o pequeno-almoço O Pai relembrou-lhe a grande estima que o pretendente lhe tinha. O Rei era um pessoa muito ocupada e normalmente nunca viajaria para conhecer a Noiva. Seria a Noiva que deveria fazer a viagem. Só que no caso dela, a beleza Da Bela Adormecida tinha-o motivado a fazer a viagem.
A princesa vestiu um dos seus vestidos mais bonitos, que lhe beneficiavam a figura esguia e fazia sobressair os seus olhos azuis. Depois aguardou pela chamada do Pai.
O pai tinha planeado uma pequena recepção, coisa simples cerca de 200 convidados, 3 tipos de licores, 20 pratos de aperitivos, 15 espécies de vinho para combinarem com os aperitivos e um pequeno espectáculo de circo. Coisa pequena e intima para comemorar a ocasião. Quando o Pai achasse conveniente, ela seria chamada para serem formalmente apresentados.
Passou uma hora, depois 2 horas, e ainda a Princesa, na companhia das suas aias aguardava a chamada. Cada minuto que passava, mais impaciente ela ficava. Uma impaciência fruto dum misto de nervoso, aborrecimento e curiosidade pelo aspecto do homem que iria ser seu marido.
Ao fim de 3 horas, o Pai finalmente chamou-a.
A princesa colocou um véu que lhe escondia o rosto, colocou-se à porta, fez sinal para as aias para se colocarem atrás dela e novamente esperou. Ao fim de alguns minutos a porta abriu-se e ela entrou.
A sala tinha sido arrumada e entre ela, o pai e o pretendente tinha-se colocado uma enorme passadeira vermelha.
A Princesa baixou os olhos enquanto caminhava em direcção a ambos, sentindo sem ver os membros da corte, curvando-se à sua passagem, e ouvindo sem olhar as expressões de quão bonita ela estava.
Quando chegou, manteve os olhos baixos enquanto lhe levantavam o véu e ela pode finalmente olhar para o pretendente que o pai tinha escolhido.
O seu coração gelou. O pretendente olhou para ela, fez um sorriso de gato que comeu o canário disse:
-É muito bela, Princesa! Tenho a certeza que me irá dar um Belo herdeiro!
Depois virou-se para o Pai e continuou a planear o casamento. Para ele a apresentação estava feita.
O Pai olhou para a Princesa e disse:
-Obrigado por teres vindo! De certeza que esta ligação irá reforçar a união dos nossos reinos. Daqui a um pouco passarei pelos teus aposentos para te informar dos detalhes da cerimónia.
Bela quis gritar, mas não conseguiu. Lentamente baixou a cabeça, recolocou o véu e saiu. Logo que pode, desatou a correr para o quarto e lançou-se na cama, a chorar convulsivamente.
O pretendente não queria saber dela, o Pai não queria saber dela. Ninguém queria saber dela. Ela pelo seu lado só queria fugir, fugir, fugir.
Mas fugir para onde. Se saísse do Palácio, o Pai iria procurá-la. Seria apanhada e enviada para o pretendente, ou pior.
Perdida nos seus sentimentos, lentamente começou a fugir para dentro dela, obrigando por fim o seu coração a adormecer.
Quando finalmente entraram no quarto umas horas depois ela estava sentada no banco à frente da janela, com olhos fechados, corpo rígido e frio.
Chamaram os médicos que constataram que ela estava viva, mas como que adormecida. Tentaram acordá-la de todos os modos que se lembraram. Sem sucesso.
O rei pretendente, no dia seguinte partiu. Esposas adormecidas não podiam ter filhos. Bem na realidade até podiam, mas a questão do Parto poria alguns problemas complicados.
Antes de partir pelo que informou o Rei Pai que devia às novas circunstâncias o casamento não se poderia efectuar.
O Pai nem se despediu dele. Na verdade passava horas e horas no quarto tentando perceber o que se passava.
Embrutecido pelo dor, só quando os médicos começaram a dizer que caso a Princesa não acordasse iria morrer de fome e sede em poucos dias, fimnalmente se apercebeu da gravidade da situação.
O Rei mandou lançar os arautos a anunciar recompensa caso alguém conseguisse acordar a Princesa.
A notícia da Bela Adormecida e da recompensa por acordá-la correu célere. Rapidamente chegou a um Reino distante onde vivia a Rainha Má.


Fim do capitulo 1

Saturday, February 26, 2011

Writer's Block


Nos últimos 4 dias não consegui escrever nada de jeito.
Aparentemente estou a caminho de ser um escritor. Já tenho “Writer’s block”.
O “write’s block” na Tv consiste em escritores sentados, ou em computadores ou junto a  máquinas de escrever a olhar fixamente, ou para o blimp dum cursor, ou para um papel em branco. Noutros casos o papel/ecran não está completamente branco. Têm ou um titulo ou já têm uma primerira linha escrita. Normalmente do tipo:
 - Era uma noite fria de Outono.....
Ou
- Foi numa noite quente de verão....
Ou
- Estava sentado numa esplanada quando, surgida do nada, apareceu....

No meu caso foi a segunda opção que surgiu.
Tive várias primeiras linhas:
Uma foi:
“Hoje vim um homem a passear um cão...”
Outra foi:
“Hoje vim um avião no ar...”
Houve também:
“Hoje vim alguém a passar a ferro.”
E finalmente houve
“Há muitos anos atrás havia um a formiga, uma cigarra, um homem e um canguru....”

No meu caso também a página branca não existia. As diversas linhas originaram:
A primeira 2 histórias, a segunda outras 2, a terceira uma e a quarta outra.
Seis histórias que neste momento estão arrumadas no meu computador, mas todas elas inacabadas.
O que é estranho no meu “Writer’s Block” não é a falta de palavras para acompanhar as ideias iniciais. No meu o que falha é o encandeamento.
Normalmente as minhas histórias, a partir dum certo ponto, passam a ter vida própria e escrevem-se a elas próprias. Eu só as coloco no computador.
Nestes 4 dias aconteceu o mesmo, só que a direcção que cada uma tomava não era aquela que inicialmente eu pretendia. Isto é eu começava com uma ideia e quando dava por isso a história decidia ir nouta direcção.
Como tenho de acordar cedo para ir trabalhar, o limite de tempo para que cada história esteja pronta para ser publicada é a 1;00 da manhã. Como nenhuma conseguiu atingir esse limite, foram ficando na gaveta.

Hoje cá estou outra vez ainiciar uma história, mas desta vez vou deixá-la correr até ao fim e ver o que sai.

O “Writers block” é um velho conhecido. Não na escrita, mas em várias outras coisas. Nestas alturas tem outros nomes. “Juizo block”, “ Sensibilidade block”.. etc.
Estes block’s passam a vida a acontecer-me.
Basicamnte começo a fazer algo com uma intenção, mas depois parece que a coisa gnha vida própria e acaba numa direcção completamente oposta.
Vamos a um exemplo.
Há muitos anos, tinha todos os dias de apanhar um comboio para poder ir ao Liceu.
Esse comboio, ao chegar à estação, e antes de parar passava por um portão que era a saida que dava directamente para a rua do Liceu. Passava por lá mas ia parar cerca de 10 metros mais à frente.
Gajos do Liceu são como a gente sabe chicos espertos, desafiantes de todas as regras de bom senso.
Portanto ao longo de meses foi treinando a saída em andamento dos comboios, tentando-a elevar a uma arte. Ao fim de algum tempo era especialista.
O truque está em apontarmos para a direcção do movimento, descermos ao último degrau, agarrarmos ao corrimão da porta e lançarmos com toda aforça para trás e para fora. Sò podemos bater com um dos pés no chão e alongamos a passada o máximo que podemos até bater com o outro, nessa altura inclina-se o tronco para trás. Ao fim de 3 passadas para frente podemos andar normalmente e mesmo parar se quisermos.
Ao lancarmos para fora e para trás abandonamos e contrapomos a inércia provocada pelo movimento do comboio. Desta forma compensa-se já parcialmente a velocidade, o restante é eliminado pelo inclinar do tronco e pelas passadas finais. Normalmente 2, 3 passos são suficientes.
Outro dos truques é analisar a velocidade do comboio. Existe um limite imposto pelo primeiro  imapcto com o solo, e a passada. Se o impacto for muito a perna cede e portanto a passada seguinte será pequena, como a perna já está flectida o tamanho das passadas a seguir a essa é também mais pequeno. No limite pode-se provocar entorses ou uma corrida à Speedy Gonzalez a qual não é cool. Cool era fazer a coisa com 3 passos ou menos.
A coisa sempre correu bem e era giro ver pelo canto do olho a cara das pessoas quando se saia a voar do comboio, um misto de incredubilidade e de reprovação. Excelente para o ego dum gajo na puberdade.
Hoje não vou discutir o acto em si. Vou no entanto agora colocá-la no contexto da história de hoje.
O contexto hoje é coisas que se começam duma maneira e ganham vida própria com desfechos diferentes dos planeados originalmente.

Bom, um dia vinha num comboio e durante a viagem entrou uma das raparigas que eu achava ineressante na altura.
Já a conhecia, e conversámos durante toda a viagem. A certo ponto da conversa entrou o cinema e os filmes interessantes que estavam em exibição.
Para quem não saiba, na altura, quando se queria sair com alguém a única coisa que se podia fazer numa fase inicial era ir ao cinema. Meter o cinema ao barulho durante uma conversa com uma rapariga era uma fase obrigatória quando se queria fazer mais qualquer coisa para além de conversar em comboios.
Com o cinema metido à conversa. Nós os dois passámos à fase de quais os filmes que ela queria ver, aqueles que ela não tinha com quem ir.
È evidente que ir ao cinama com alguém e as amigas é um convite à desgraça. Para além de agradarmos a ela, temos que agradar às amigas, mas sem que agrademos de mais a elas. Por outro lado o uso da obscuridade da sla de cinema fica grandemente reduzido.
Sabendo quais os filmes que ela potencialmente queria ver, independemente das amigas permitia passar à fase seguinte que era colocar a ideia de eu tinha a mesma vontade de ver o mesmo filme.
Nesta altura dependente da reaçção podemos finalmente considerar colocar ou não o convite.
Nessa altura, uma rapariga e um rapaz irem ao cinema juntos ficava a um passo de namorar.
Pelo que a resposta ao convite, incluia sempre uma fase do “Nâo” ,”Talvez”, “ Vou tentar”. Os “Sim” à primeira eram raros e estavam muito dependentes da parte introdutória.
A fase do “Nâo” ,”Talvez”, “ Vou tentar” podia ser mais ou menos longa. Isto porque embora conversa fosse relativa ao filme ou ao cinema em global, a verdade é que o que se estava ali a discutir era o possivel e provável relacionamento entre 2 pessoas. Era sempre uma conversa que requeria tempo.
Bom portanto lá estou eu e ela, já conversámos de cinemas, filmes e filemes que gostaria de ver, mas acho que não tenho com quem ir e lanço a questão do se calhar podemos ir juntos. Ela reponde com o “ Se calhar podemos” .
Bandeira verde penso eu. Podemos passar ao convite.
Mas neese momento o comboio começou a entrar na estação aonde eu ia sair.
Assim caso entrassemos na fase do “Nâo” ,”Talvez”, “ Vou tentar” , era claro que não ia haver tempo para resolvê-la duma forma correcta. Ela também podia dizer “ Sim”, mas e ela o não fizesse. Pesei a questão durante uns momentos e finalmente preferi perguntar em que comboio é que ela ia voltar, disse-lhe que também voltava nesse e combinámos a carruagem para fazermos a viagem juntos.
Disse que ia sair ali e levantei-me. Ela disse que saia na estação a seguir, e fomos os 2 até à plataforma das portas.
Quando ela se levantou e veio comigo, fiquei com a certeza que se escolhesse o filme certo, iamos mesmo sair juntos. Como resultado comecei a andar num colchão de ar, e tudo à minha volta era lindo e maravilhoso, o comboio é maravilhoso, o revisor era maravilhoso, os outros passageiros eram maravilhosos, a estação era maravilhosa, o dia era maravilhoso.
Despedi-me dela, disse-lhe até logo, vim para a porta, desci o degrau, e naquele momento, por entre o quão maravilhoso era o mundo, e o colchão de ar em que eu andava, decidi que o que havia a fazer era o showoff do salto acrobático do comboio.
Então lá estou eu no degrau, olho para ela, digo-lhe adeus, pisco-lhe o olho e vrumm. Lanço-me para fora e para trás.
Se bem se recordam o truque está em apontar para o sentido de andamento do comboio, de modo a que com o salto para trás diminua a inércia inicial.
O problema foi que ao dizer adeus e ao piscar o olho, me agarrei ao corrimão errado. Pelo que quando me lançei em vez de estar apontado para a frente estava apontado para trás. Quando saltei em vez de diminuir a inércia, aumentei a velocidade inicial.
Uma décima de segundo após me ter lançado apercebi-me do que tinha feito, mas já era tarde e tive só tempo de me agarrar com toda força ao corrimão. Com todo o corpo lançado em voo, e como o corrimão era liso, as mãos foram deslizando pelo corrimão até ao local onde se prendia à porta. Enquanto escorregava ainda consegui olhar para a rapariga ver o ar entre incrédulo, assustado e desaprovador que lhe passava pelo rosto.
Como estava suspenso pelo suporte do corrimão, caí de rabo na plataforma e lá foi arrastado. Agarrado ao corrimão, cabeça ao nivel do degrau, rabo no chão, pernas a cair para a linha, sapatos a voar.
À minha volta ouvia os gritos, de dentro do comboio, da estação a gritar, o silvo do apito do chefe da estação, os travões a chiar,  quando alguém activou a paragem de emergência o barulho do ar comprimido a activar os travões. Eu com o rabo a começar a a ficar quente, a tentar levantar os pés para não bater nas traves da linha com um sucesso muito relativo.
Finalmente o comboio lá parou. Eu larguei-me do corrimão e subi à plataforma.
Todo o comboio com cabeças a assomar às janelas a olhar para mim, a rapariga branca agarrada ao varão a olhar para mim, toda as pessoas da estação aos gritos de ficou sem as pernas, caiu do comboio, o revisor a perguntar se estava bem e a perguntar se eu tinha escorregado, o chefe da estação a correr para mim. Todo o foco do local estava em mim. De repente lembrei-me que não tinha sapatos e disse ao revisor que me amparava pelo braço, que ia buscá-los. Ele ainda esboçou um protesto mas lá me larguou. Eu dirigi-me ao longo do comboio a coxear, desci à linha, agarrei os sapatos, calcei-os e fugi o mais depressa que podia.
Ao subir à outra plataforma diminui a velocidade para um coxear rápido, enquanto me desviava das outras pessoas em direcção à saida. Ao passar por elas ouvia-as a comentar entre elas que alguém tinha caido e que se calhar tinha ficado sem pernas. Todos os olhares virados para o comboio do qual tinha saido. Eu nem sequer olhei para trás, sempre à espera que alguém me parasse e me responsabilizasse pela paragem do comboio, pelouso do sinal de emergência, por toda aquela comoção. Quando finalmente sai da estação parei no primeiro lugar mais recatado que encontrei e dei uma vista de olhos ao meu estado. Casaco queimado pelo atrito, calças rotas, sapatos rotos no calcanhar, equimoses e escoriações várias. Tornozelo dorido. Tinha tido sorte.
Escusado é dizer que não voltei no comboio que ela ia apanhar. Mais, a partir dai, evitei durante meses a carrugem que eu sabia que ela apanhava. Quando a via ao longe enterrava-me no banco, num livro, atrás de alguém, só nunca me enterrei debaixo dos bancos porque nunca foi preciso. Só falei com ela muitos anos depois e básicamente foi um Olá.
Foi algo que começou duma maneira, ganhou vida própria e acabou duma forma muito diferente daquela que se estava à espera.
Este é o meu “writer’s block”.

Wednesday, February 16, 2011

Inovar

Hoje recebi feedback da história da Jennifer Anniston. Na realidade, não sobre a história toda, mas sobre a cena do filme de que ela fala.
Na história, eu dizia que a cena não fazia sentido, era forçada.
Nesse ponto a pessoa que me estava a dar o feedback não doncordava.
Não,dizia ela, a cena faz perfeito sentido tanto dentro da estrutura do filmecomo um todo, como pela cena em si. O problema, continuava ela, ela que eu ao fazer o enfoque na cena por si só, a descontextualivaza. Eu respondi céptico, que não, aquela cena, o facto de ela se passear nua pela casa à volta do futuro ex-namorado, Tinha o seu próprio contexto. O que lhe dava um sentido de falsidade, era o facto de que era mais seguro, utilizar um  truque tipo a toalha de banho que cai,  já que este permitia sempre um saida airosa, se não não houvesse a reacção esperada, pois ela podia sempre alegar que tinha sido um acidente, e deste modo aligeirar o desconforto da situação.
- Esse era o problema, dizia ela. O problema era que eu entendia a nudez da actriz como uma provocação ao futuro ex-namorado, mas, se tal fosse o que a actriz pretendia, o que seria lógico era usar, nesse caso, a cena da toalha.
A lógica do que ela estava dizer, começava a fazer sentido. A provocação é uma sedução. A sedução é uma arte feminina (embora possa ser praticada por homens). Assim fazia todo o sentido, numa lógica de provocação/sedução, que em vez duma nudez crua, se usasse, um processo mais subtil.
-OK! –contrapões eu- Mas isso também reforça a minha ideia original, a cena na verdade é forçada.
-Passo a explicar. - disse ela-  O objectivo não era provocar. O objectivo era surpreendê-lo.
Ok, nesse caso resultou, pensei eu. Mas calei-me para seguir o resto da explicação.
- Se tivesses visto o resto do filme, sabias que ela tinha feito uma depilação à Brasileira. O que ela realmente queria era mostrar que o tinha feito, e obter uma reação. Queria saber se conseguia impressionar o futuro ex-namorado com o resultado. No entanto ela sabia que se o tentasse fazer duma forma mais ou menos discreta o não ia conseguir. Se fosse feito discretamente, o futuro ex nem se ia virar, quanto mais não fosse porque a já tinha visto nua. O que ela fez foi INOVAR de modo a obter uma reacção. A reacção que ela que ela queria era mesmo que o futuro ex ficasse sentado a respirar com um peixe, com o som de "Game Over" por trás.
Neste ponto calei-me e agradeci o feedback, porque o que ela dizia fazia todo o sentido.
Lembrei-me que há anos atrás, a minha namorada chegou a casa, estendeu-me a mão e perguntou se lhe ficava bem. Eu, peguei na mão dela, coloquei-a entre as minhas, puxei a minha namorada para mim, dei-lhe um beijo apaixonado e disse-lhe que o cabelo estva lindo, que aquele corte lhe caia muito bem.
Foi quando ela me respondeu:
-Sabes que eu foi à manicure!
Mesmo nessa altura, eu só percebi que alguma coisa não estava bem pelo tom. O tom das palavras é muito importante quando se fala com namoradas, mais importante mesmo que as palavras em si.
Portanto o tom com que ela falou não era o correcto após o beijo e o elogio. Portanto, como todo o gajo, gastei uns segundos a percorrer o que tinha acontecido desde o inicio, avaliei se eu próprio tinha dito que o “Cabelo estava muito bem” no tom correcto, se me tinha esquecido de a ir buscar, se me tinha esquecido de fazer alguma coisa.......
Estava neste processo introspectivo quando ela repetiu:
- Manicura....... enquanto tirava as mãos das minhas e punha-me as unhas debaixo do nariz.
Até hoje acho que me Safei porque o beijo tinha sido apaixonado.
"Gajos" não estão mentalmente preparados para coisas subtis, a sua estrutura mental é construida para ver uma coisa, decompô-la, reconstrui-la, repará-la. Todo esse processo é depois interiorizado para que, no futuro, quando a mesma coisa aparecer, já se saber o que se há-de fazer com ela. 
Para que isto funcione duma forma eficaz, branco tem de ser branco, preto tem de ser preto. Não pode haver vários padrões de cinzento, já que tal implicaria que, cada padrão, seja uma coisa por si.
É por esta razão que gajos são "mono task" e porque muito fácilmente se tornam especialistas de qualquer coisa.
Uma vez conheci um que era especializado nas membranas mitocondriais (pequenos componentes celulares). O fulano sabia tudo o que havia para saber acerca disso, citava livros e autores, compostos quimicos, ciclos quimicos.... No entanto bastava perguntar por outros assuntos, para obter uma face inexpressiva de total alheamento ao que lhe estavamos a perguntar.
Como espécie, os humanos, necessitam de mais. Nem tudo é preto e branco.
São as mulheres que lidam com os cinzentos. Por isso são “multi task” já que as gamas de cinzento são imensas. São elas que deste modo permitem que vários gajos especialistas numa coisa unicamente, possam ter de comer, de vestir e aonde dormir.
Assim tenho de dar a mão à palmatória. Na verdade a cena faz todo o sentido.
Se a mulher do filme, pretendia realmente mostrar o que tinha feito de modo a obter do futuro ex algum feedback de como lhe ficava, tinha de INOVAR. Tinha mesmo de sair do quarto nuazinha e passar ao lado da cadeira onde o futurio-ex estava a jogar.
Se calhar, à cena faltava-lhe algum realismo. Já que, se o futuro ex estava a jogar um videojogo, na vida real ela teria de parar, fazer alguns alongamentos e depois ir ao frigorifico buscar o copo de sumo.

Monday, February 14, 2011

Relacionamentos

Dia 14 de Fevereiro. 20% da população compra prendas para alguém, 35% faz de conta que não é nada com eles, 25% não tem a quem dar e o restante, porque no fundo acha que o outro não merece o trabalho, diz que é um dia como os todos os outros. 
É um pouco estranho a pequena percentagem que realmente aacha que o outro, a relação que temos com alguém deve ser festejada. A desculpa do comercial ou da data ser uma coisa das lojas é fraca. A prenda é na maior parte das vezes simbólica, pois o que ela deve significar é “estou feliz de estar contigo” e não mais que isso.
Toda a gente procura alguém para compartilhar a vida. Homem, mulher sejam de facto ou de espirito, tem todos a vontade de terem alguém com quem possam partilhar o tudo e o nada que é a existência.
Há muitos anos atrás, estava a conversar com algumas amigas do que fazia as relações funcionarem. O porquê alguns casais se darem bem e os outros não. Para as raparigas era claro que era o facto de ambos se apaixonarem um pelo outro que fazia a diferença. Eu evidentemente concordava, embora nessa altura estivesse mais que convencido que o bom sexo, contribuia grandemente para essa estabilidade. Na altura não extravasei essas opiniões, porque sexo em conversa com raparigas era sinal de grosseria. Portanto concordavamos todos que era a paixão essa cola que unia casais.  Com essa questão arrumada passamos a como a paixão surgia. Surgia da amizade pura entre eles, das suas coisas comuns, das suas coisas diferentes, dum fogo no olhar, dum brilho de sol no refletido no cabelo...
Foi quando lá de detrás a avó duma disse alto e bom som:
-Isso da paixão é só para os novos como vocês! Qunado crescerem vão perceber que não é precisa para nada! O casamento não é fundado na paixão! Aliás isso é um empedecilho! As relações estáveis eram criados após o casamento, com base no respeito mútuo e na compreensão entre o casal!
É claro que aquela conversa ficou por ali! As raparigas ainda disseram:
-Oh Avó como pode dizer isso!
Mas mais como um ligeiro protesto, não como a defesa da não validade da afirmação.
Para mim era claro que a senhora não tinha razão. Basicamente porque não havia sexo, o qual só iria acontecer após a fase do casamento. O que evidentemente era um absurdo!
Hoje estava a ouvir uma discussão desse género quando me relembrei disto.
No tempo da avó, homens e mulheres (mais as mulheres, evidentemente) namoravam às escondidas e raramente se conheciam. Os homens portavam-se sempre como cavalheiros, abriam as portas, tratavam a mâe por senhora Dona, diziam sempre se faz favor e muito obrigado. As mulheres sorriam candidamente, davam as pontas dos dedos para subirem os degraus e baixavam pudicamnete os olhos. Só depois de casarem é que se descobria que o marido, era um bebâdo inveterado, que raramente lavava os pés e que tinha várias familias de parentes de pulgas nos sitios mais privados; e que a mulher partia loiça com a voz quando se irritava e que a sua visão da vida de casal era ela, o marido e a mãe. Era compreensivel que os casais não se dessem, não se entendessem, que basicamente passassem dezenas de anos de costas voltadas, sentindo-se miseráveis e infelizes durante todo esse tempo.
Mas nos dias de hoje, namora-se, partilha-se, ama-se, vive-se junto. Porque é que ainda os casais não se dão, não se entendem, basicamente passem dezenas de anos de costas voltadas, sentindo-se miseráveis e infelizes durante todo esse tempo?
Compreendo que alguns homens e algumas mulheres sejam manipulativos, dissimulados, vocacionados para o engano e para o embuste. O que é para mim estranho é o número de casais onde isso ocorre. O que é para mim estranho é que, do mesmo modo que como no tempo da avozinha, ainda seja dificil conhecer o outro, e que só depois de casados, juntos, etc, apareçam todas aquelas coisas que transformam relacionamentos em infernos, e amor em ódio profundo.