Wednesday, February 16, 2011

Inovar

Hoje recebi feedback da história da Jennifer Anniston. Na realidade, não sobre a história toda, mas sobre a cena do filme de que ela fala.
Na história, eu dizia que a cena não fazia sentido, era forçada.
Nesse ponto a pessoa que me estava a dar o feedback não doncordava.
Não,dizia ela, a cena faz perfeito sentido tanto dentro da estrutura do filmecomo um todo, como pela cena em si. O problema, continuava ela, ela que eu ao fazer o enfoque na cena por si só, a descontextualivaza. Eu respondi céptico, que não, aquela cena, o facto de ela se passear nua pela casa à volta do futuro ex-namorado, Tinha o seu próprio contexto. O que lhe dava um sentido de falsidade, era o facto de que era mais seguro, utilizar um  truque tipo a toalha de banho que cai,  já que este permitia sempre um saida airosa, se não não houvesse a reacção esperada, pois ela podia sempre alegar que tinha sido um acidente, e deste modo aligeirar o desconforto da situação.
- Esse era o problema, dizia ela. O problema era que eu entendia a nudez da actriz como uma provocação ao futuro ex-namorado, mas, se tal fosse o que a actriz pretendia, o que seria lógico era usar, nesse caso, a cena da toalha.
A lógica do que ela estava dizer, começava a fazer sentido. A provocação é uma sedução. A sedução é uma arte feminina (embora possa ser praticada por homens). Assim fazia todo o sentido, numa lógica de provocação/sedução, que em vez duma nudez crua, se usasse, um processo mais subtil.
-OK! –contrapões eu- Mas isso também reforça a minha ideia original, a cena na verdade é forçada.
-Passo a explicar. - disse ela-  O objectivo não era provocar. O objectivo era surpreendê-lo.
Ok, nesse caso resultou, pensei eu. Mas calei-me para seguir o resto da explicação.
- Se tivesses visto o resto do filme, sabias que ela tinha feito uma depilação à Brasileira. O que ela realmente queria era mostrar que o tinha feito, e obter uma reação. Queria saber se conseguia impressionar o futuro ex-namorado com o resultado. No entanto ela sabia que se o tentasse fazer duma forma mais ou menos discreta o não ia conseguir. Se fosse feito discretamente, o futuro ex nem se ia virar, quanto mais não fosse porque a já tinha visto nua. O que ela fez foi INOVAR de modo a obter uma reacção. A reacção que ela que ela queria era mesmo que o futuro ex ficasse sentado a respirar com um peixe, com o som de "Game Over" por trás.
Neste ponto calei-me e agradeci o feedback, porque o que ela dizia fazia todo o sentido.
Lembrei-me que há anos atrás, a minha namorada chegou a casa, estendeu-me a mão e perguntou se lhe ficava bem. Eu, peguei na mão dela, coloquei-a entre as minhas, puxei a minha namorada para mim, dei-lhe um beijo apaixonado e disse-lhe que o cabelo estva lindo, que aquele corte lhe caia muito bem.
Foi quando ela me respondeu:
-Sabes que eu foi à manicure!
Mesmo nessa altura, eu só percebi que alguma coisa não estava bem pelo tom. O tom das palavras é muito importante quando se fala com namoradas, mais importante mesmo que as palavras em si.
Portanto o tom com que ela falou não era o correcto após o beijo e o elogio. Portanto, como todo o gajo, gastei uns segundos a percorrer o que tinha acontecido desde o inicio, avaliei se eu próprio tinha dito que o “Cabelo estava muito bem” no tom correcto, se me tinha esquecido de a ir buscar, se me tinha esquecido de fazer alguma coisa.......
Estava neste processo introspectivo quando ela repetiu:
- Manicura....... enquanto tirava as mãos das minhas e punha-me as unhas debaixo do nariz.
Até hoje acho que me Safei porque o beijo tinha sido apaixonado.
"Gajos" não estão mentalmente preparados para coisas subtis, a sua estrutura mental é construida para ver uma coisa, decompô-la, reconstrui-la, repará-la. Todo esse processo é depois interiorizado para que, no futuro, quando a mesma coisa aparecer, já se saber o que se há-de fazer com ela. 
Para que isto funcione duma forma eficaz, branco tem de ser branco, preto tem de ser preto. Não pode haver vários padrões de cinzento, já que tal implicaria que, cada padrão, seja uma coisa por si.
É por esta razão que gajos são "mono task" e porque muito fácilmente se tornam especialistas de qualquer coisa.
Uma vez conheci um que era especializado nas membranas mitocondriais (pequenos componentes celulares). O fulano sabia tudo o que havia para saber acerca disso, citava livros e autores, compostos quimicos, ciclos quimicos.... No entanto bastava perguntar por outros assuntos, para obter uma face inexpressiva de total alheamento ao que lhe estavamos a perguntar.
Como espécie, os humanos, necessitam de mais. Nem tudo é preto e branco.
São as mulheres que lidam com os cinzentos. Por isso são “multi task” já que as gamas de cinzento são imensas. São elas que deste modo permitem que vários gajos especialistas numa coisa unicamente, possam ter de comer, de vestir e aonde dormir.
Assim tenho de dar a mão à palmatória. Na verdade a cena faz todo o sentido.
Se a mulher do filme, pretendia realmente mostrar o que tinha feito de modo a obter do futuro ex algum feedback de como lhe ficava, tinha de INOVAR. Tinha mesmo de sair do quarto nuazinha e passar ao lado da cadeira onde o futurio-ex estava a jogar.
Se calhar, à cena faltava-lhe algum realismo. Já que, se o futuro ex estava a jogar um videojogo, na vida real ela teria de parar, fazer alguns alongamentos e depois ir ao frigorifico buscar o copo de sumo.

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