Wednesday, April 6, 2016

Os tecelões será que sabem mais que nós?


Hoje estava a olhar pela janela enquanto tomava café. Como é Primavera estavam uma multidão de passarinhos à procura das respectivas passarinhas.

Surgiu-me na cabeça uma reportagem que vi há algum tempo sobre os pássaros tecelões. O objectivo da reportagem era mostrar a força do DNA que permitia que animais sem inteligência efectuarem construções complexas. Na altura como hoje acho que quem filmou a reportagem não viu o óbvio. Embora sim o DNA seja importante na génese que leva à construção do ninho pelo tecelão a verdade era que existia um componente de aprendizagem. E portanto racional no acto em si o qual ultrapassava a simples (sem querer dar ideia de coisa perto de lixo) codificação genética per se.

O tecelão faz o ninho, para evidentemente atrair as teceloas. Passa horas à procura de paus e outros objectos de modo a construir uma coisa apelativa para elas. Quando acha que a coisa pode ser suficiente, põe-se à porta e aguarda as potenciais convidadas. Isto é existe uma procura efectiva de materiais de construção e um sentido de que a obra está completa. Isso em si é prova que exista um raciocínio por detrás. Não quero com isto dizer que os tecelões sejam capazes de escrever sinfonias como o Mozart ou de elaborar questões complexas como o Descartes, tão-somente que existe um componente racional na construção.

Esta lógica ainda mais se fundamenta com o comportamento das teceloas. Na mesma reportagem mostrava que o facto do tecelão considerar a obra pronta, isso não era sinónimo de visitas. E o facto de haver visitas, não era o mesmo de que essas visitas eram automaticamente bem sucedidas. A reportagem confirmava que somente após entre 5-10 visitas, o tecelão podia dobrar a asa e levá-la ao joelho e dizer ”Yes”. Giro era que após esse momento, os preliminares era despachados duma forma relativamente rápida e o Tecelão podia rapidamente entrar na fase do cigarro e perguntar se a terra tinha tremido para teceloa.

A reportagem não era clara se era a mesma teceloa, que passava 5-10 vezes na proposta de habitação ou se normalmente elas passavam por 5 casas e ficava automaticamente na 6ª, tipo o vamos lá a despachar a coisa e depois visitar o tecelão que me interessa, porque nessa altura ele já não pensa que eu sou uma teceloa fácil (comportamento muito comum nos humanos). Na verdade a pessoa que fez a reportagem não focou praticamente nas teceloas. Muito possivelmente com base no facto de que se as mulheres já são difíceis de entender então perceber as teceloas…

Bom independentemente do motivo, a verdade é que a teceloa verificava com cuidado a habitação, o que demostra que conseguia analisar a construção e basear a sua decisão no trabalho feito. Isso obviamente demostra que muito embora para nós humanos, uma casa era igual a outra, para os tecelões haviam aspectos diferentes que eram avaliados. Novamente algo racional por detrás.

 Sempre que a visita falhava o tecelão reiniciava o trabalho e tentava melhorar para a próxima visita. A reportagem salientava o facto de mesmo após um certo número de visitas, nem todos os tecelões chegavam à fase do “YES”. O que significava que teriam de caso falhassem teriam de espera mais 1 ano por uma nova oportunidade, o que sem revistas, nem filmes, nem internet, não teriam hipóteses de ver teceloas mais de perto ou mesmo de estabelecer contacto com elas. Ainda bem que os animais têm perspectivas diferentes sobre estes assuntos.

Agora vamos imaginar que os seres humanos eram tecelões. Uma vez por ano, sabiam que havia teceloas disponíveis. No entanto tinham de se esforçar em terem comportamentos aceitáveis de modo a serem escolhidos. Caso falhassem iam passar 365 dias se poderem fazer mais que chupar no dedo. Se calhar os problemas de relacionamento e a falta de respeito pelas mulheres que alguns fazem alarve iam diminuir. A existência tanto de Homens como mulheres talvez melhorasse.

No comments:

Post a Comment